Tite “não enrola” na sua primeira entrevista coletiva e esperava por esse momento desde 2014
Tite é o treinador da Seleção Brasileira. Na tarde desta segunda-feira, 20, Adenor Leonardo Bacchi foi apresentado oficialmente como o novo comandante da Canarinho. Aos 55 anos, o gaúcho de Caxias do Sul chegou à sede da CBF, no Rio de Janeiro, e conversou com a imprensa no auditório da entidade. Antes, o técnico visitou o Museu da Seleção.
Além de Tite, foram apresentados o auxiliar-técnico Cleber Xavier, o coordenador técnico e tecnológico Matheus Bacchi, e o novo coordenador de futebol da seleção, Edu Gaspar.
Confira alguns trechos da entrevista coletiva de Tite:
– Tite fala sobre o convite para assumir a Seleção
Ideal é início de trabalho. As circunstâncias acontecem. Fiquei sentado numa poltrona em 2014 e não veio. Porque as coisas têm seu tempo. Veio agora, entendi que devia aceitar, por fazer parte da minha carreira estar técnico da Seleção Brasileira. Um objetivo pessoal e talvez o meu melhor momento profissional. Ganhando, mas perdendo muito. Coragem assumir agora.
– Sobre a semana que antecedeu a sua apresentação
Foi um turbilhão, sou um ser humano, tenho os mesmos sentimentos que vocês têm e por condição da vida, de me preparar dia a dia. Não imaginei ser técnico da Seleção, não planejei, faço meu melhor a cada dia. Estabeleço metas a curto e médio prazo, aprendi que futebol é assim. Daqui a um, dois ou três anos vai ser outro profissional. Não sou melhor que ninguém.
– Tite fala com carinho sobre sua mãe, dona Ivone Bacchi
A mãe. Você imagina a realização de ver o filho na Seleção Brasileira? Só peço para as pessoas terem cuidado com ela, carinho quando for falar, porque pode começar a tirar coisas que a emoção vai aflorar. Eu só disse para ela hoje pela parte da manhã. Quando concluímos a negociação, disse para ela: “Mãe, o seu filho é o técnico da Seleção Brasileira”. Ela começou a chorar e me deu a bênção.
– Após visitar o Museu da Seleção, Tite comenta sobre a história da Canarinho
(A história) Ela inspira e faz o joelho balançar também. Toda uma história extraordinária. Eu me lembro de 1970, ouvindo com 8 anos o rádio, o Tostão recebe uma bola pelo lado esquerdo, passe e infiltração do Clodoaldo, empatamos e eu saí vibrando, feliz da vida. Ou a Copa de 82 que me marcou pela beleza, sou fascinado por meio-campistas. Falcão, Cerezo, Sócrates, Zico…
– Seleção com a cara de Tite? Não. Do Brasil.
Não tem que ter a cara do Tite, tem que ter a cara do Brasil e da qualidade individual dos atletas. Com a competitividade. Sistema que potencialize, não é minha cara, é a nossa, da característica dos atletas. A priori, muita transição e rapidez com base da Seleção, afora qualidade técnica. Ajustar, potencializar, essa é minha função.
– Integração com times brasileiros
Quero acompanhar trabalho dos técnicos e vou me convidar para assistir, sem intervir, aos treinos dos clubes. Acompanhar treino, conversar com técnico e acompanhar jogo para mensurar. Técnico vai me passar o que o atleta tem e pode executar. Treinos eu não vou conseguir fazer, esse é meu grande desafio. Outro é montagem da equipe, um jogador que possa executar função e se sentir bem.
– Ideia de rodízio de capitães
Ideia de troca de capitania. Podemos divergir de ideias, é da vida, mas com respeito. Todos têm uma responsabilidade em cima da performance, todos vencem, essa é a grande marca de uma equipe de futebol. Essa mudança de capitania traz isso. Há diversos perfis de liderança: técnica, comportamental, o que consegue externar de forma pública as ideias, o exemplar. Vejo ontem a final da NBA. Um toco do LeBron James determina a sequência do Irving, a marcação de um com a qualidade do outro. Senso de equipe. Nós precisamos ter senso de equipe. Aí sim, seja ele num clube qualquer ou na Seleção.
– Comando da Seleção nas Olimpíadas
Era muito fácil o técnico alinhavar uma situação, prever estar na Olimpíada, e trazer louros. Se ganha, medalha de ouro. Senão, tem desculpa pronta de ter assumido em cima da hora. Isso eu não faço. A prioridade é a Seleção Brasileira e desenvolver trabalho em cima da classificação. Preciso ajustar, estar dentro dessa situação o mais rápido possível.
– Disputa das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018
O foco é a classificação para o Mundial. Não estamos na zona de classificação. Acredito que trabalho vá dar condição, mas claro que corremos risco. Se não aceitar possibilidades vai fugir da realidade. Estou aqui porque o resultado não veio.
Foto: Rafael Ribeiro/CBF Fonte: Site Oficial/CBF
Categoria: Destaque, Eliminatórias 2018