Retrocesso? Clubes poderão ter novamente gandulas homens
A Federação Catarinense de Futebol atende reivindicação manifestada pela SC Clubes na reunião realizada na última 2ª feira, 13. Foi emitido o Ofício Circular nº 04/2017, que delibera sobre a participação dos repositores(as) de bolas no Campeonato Catarinense Havan Série A 2017.
Por solicitação dos clubes, passa a ser responsabilidade deles (clube mandante) o gerenciamento e a participação dos repositores de bolas nas partidas na 2ª Fase – Returno do Catarinense Havan 2017. Os clubes que desejarem seguir contando com apoio da Federação Catarinense de Futebol para organização das repositoras de bolas em seus jogos, deverão fazê-lo através de ofício.
Eu vejo que estamos retrocedendo, mesmo porque certamente muitos clubes colocarão garotos da base pensando em uma reposição mais lenta quando estiverem vencendo a partida. Inúmeros casos de gandulas discutindo com jogadores, levando informações do treinador, retardando a partida, sendo expulsos, e até entrando em luta corporal com jogadores adversários, eram práticas frequentes no passado.
Com as mulheres, os jogadores as respeitavam, a arbitragem era atendida quando alguma determinação era passada sobre a reposição de bola, enfim, os problemas não eram relatados em súmula, como dezenas de vezes aconteceu com gandulas homens.
Sem estrutura
Em Santa Catarina, as gandulas femininas atuaram durante 3 anos na Administração do presidente Delfim Pádua Peixoto Filho. Os problemas, que eram comuns e corriqueiros com os gandulas homens, acabaram. Com as mulheres, nenhuma ocorrência.
“A relação árbitro e gandulas é ótima, até porque já se conhecem pelo tempo de trabalho juntos. O fato de serem meninas foi para descartar a possibilidade de força ou forma grosseira de tratar. A FCF nunca se preocupou sequer com a lavação dos coletes, única peca oferecida às meninas como uniforme. Nem capa de chuva eram oferecidas para efetuarem as partidas. Sequer um lanche. Nem o básico, ou seja, um local para elas se trocarem ou guardarem seus pertences. É fácil comprovar tudo que estou falando. As súmulas tem as escalas das meninas com o rodízio das partidas e se houve alguma reclamação, a arbitragem certamente colocou em súmula”, destaca Helcio Guimara por e-mail, namorado da Cris, coordenadora de um grupo de gandulas femininas.
Eu já havia informado no meu twitter, @polidorojunior, no início deste 2017, que a chance da volta dos gandulas masculinos era real, mas até que aconteceu muito rápido. Quais os clubes que pediram para a FCF voltar atrás? Não se sabe.
O certo é que a Federação, sob a nova administração do presidente Rubinho Angelotti, precisa entender que não se pode muito abrir a guarda para os clubes, porque eles visam os seus interesses. A FCF possui sim condições de negar qualquer pedido, mesmo que se administre o futebol para os clubes.
Cachê
Cada gandula feminina recebia R$ 80,00 por partida e ainda direito a um lanche no intervalo desde o ano passado, depois de muita insistência com o Delfim à época. São meninas que abrem mão de estar com seus familiares e amigos e até outros compromissos em prol do futebol.
Homens
Cada clube terá que determinar seis gandulas, homens ou mulheres, com idade mínima de 18 anos, ficando proibida a utilização de menos com idade inferior aos 18 anos.
A recomendação interessante no ofício emitido pela FCF é que “os gandulas estão proibidos de baterem bola antes do jogo e durante o seu intervalo”, prática sempre usual para os homens.
É muito provável que clubes indicarão jogadores da base sem qualquer remuneração e ainda bem orientados para “puxarem” para o time da casa. Infelizmente, eu vejo tudo isso como um retrocesso.
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