Editorial: Radialistas precisam cobrar é das empresas. Estão fazendo o inverso.
Ontem, em Salvador, um grupo de radialistas fez um protesto usando nariz de palhaço, contrários pelo fato de que as entrevistas com os jogadores serão realizadas apenas no final das partidas e não mais antes ou no intervalo dos jogos do Brasileirão.
Mais uma vez, quem paga o pato é o profissional, enquanto os donos das emissoras não estão nem aí. É por isso que o futebol ficou caro e que, na maioria das vezes, quem viaja para jogos fora da sua cidade é o setorista e o restante da equipe escalada fica no “tubão”.
Assim, o dono da rádio não precisa desembolsar com mais diárias, etc. A última equipe de esportes desativada foi a CBN de Curitiba.
Em Florianópolis, somos a única capital do país sem uma FM transmitindo futebol. Sinal da crise? Não, somente, mas de uma incompetência geral, principalmente das emissoras.
Eu não estou dizendo que essa medida adotada pela CBF está correta, mesmo porque fui setorista de rádio durante 25 anos e estou com 37 anos de imprensa, mas o profissional de rádio estará sozinho, e falando ao vento, se os donos de emissoras de rádio e TV não se unirem.
Como as rádios não pagam nada, terão poucos direitos. Entendo que o veículo rádio é quem motiva, anima, divulga a semana inteira, o futebol, mas quem paga cotas, tem direitos. Quem não paga, passa a ter poucas aberturas.
Na Europa, radialista é raridade no campo de futebol. No entorno do gramado, claro. A empresa pagou, possui direitos. Não pagou, fala de longe e não de perto com os jogadores.
TVs Real Madrid e Barcelona transmitem jogos de todas as categorias de base. Os pais pagam o pay-per-view para ver os guris de 3 anos de idade jogando pela TV.
Na Copa América, cada cota para uma emissora de rádio é de 60 a 70 mil dólares. Não pagou, não transmite.
O Atlético Paranaense é o único clube profissional do Brasil que endureceu com as rádios. Tem que pagar, senão não entra.
Portanto, não adianta os profissionais de rádio ficarem cobrando das associações estaduais como a Acesc, aqui em Santa Catarina. Primeiro, é preciso uma mobilização das empresas de rádio e TV e depois sim engajadas com as associações estaduais, fortalecendo esse bolo.
A Acesc não é dona de rádio e TV, a entidade cadastra e controla, fornecendo a carteira para o trabalho de cada profissional para uso no futebol catarinense aqui em nosso Estado.
Para finalizar, sabe qual o enredo disso tudo? Os donos de rádio e TV continuarão de braços cruzados, os radialistas não se unirão, esses continuarão cobrando de forma errada e amadora nas redes sociais de quem não estará no processo diretamente, enquanto o torcedor ficará cada vez mais privado das informações.
Ninguém precisa me dizer como era, como está ou como deve ser o futuro. Eu sou do tempo que nem internet tínhamos e nem celular. Sou do tempo de puxar cabo e não com microfone sem fio e outras mordomias do presente.
O que quero deixar claro é que o radialista é vítima do processo e que as emissoras de rádio adoraram que a TV entrou no futebol, porque daí gastam menos, engrandecendo o tal de “tubão”, transmissão do jogo vendo a partida no estúdio da rádio e não indo ao estádio, fazendo com que o futebol atual ficasse muito chato e perdesse cada dia a graça.
Categoria: Avaí, Chapecoense, Criciúma, Destaque, Figueirense, Joinville, Outros clubes