Editorial: A crise institucional no Avaí FC

| 11 de abril de 2016

Nilton MacedoPerder faz parte do jogo. O duro é perder para si mesmo, tropeçar na sua incompetência de se conduzir um clube de futebol, muitas vezes movido mais pela paixão do que pela razão.

É que se convencionou dizer que presidente de clube tem que ter dinheiro. Na maioria das vezes tem que saber é presidir, aglutinar, ouvir, ser o líder de um grupo com capacidade de comandar tudo e a todos.

Percebam a confusão em que o Avaí se meteu, com “oposição” dentro da situação, enfraquecendo o clube e comprometendo seu futuro. O presidente ameaça sair ou ficar na mesma semana, enquanto o vice diz que não sairá e pronto. Quer assumir, o Batistotti.

Nilton Macedo Machado já era para ter deixado o Avaí faz tempo, desde quando a própria esposa foi pra as redes sociais clamando pela “volta do marido” ao leito familiar. O erro primário começa por aí. Nós da mídia, assim como dirigentes e atletas, não temos que ter familiares dando opiniões em redes sociais sobre o trabalho que realizamos. Estendo isso para os árbitros.
Juiz aposentado, homem acostumado a julgamentos, entrou numa fria achando que clube de futebol é como se dar uma sentença condenando ou absolvendo alguém.

Nilton Macedo Machado foi colocado dentro do Avaí, muito mais contra a sua vontade. Desde o afastamento do então presidente Zunino, ele foi guindado à presidência. Não queria, mas foi forçado a assumir. Já começou errado.

Quem estava colaborando com ele no início, correu. De patrocinadores a colaboradores diretos. Quem ainda está no Avaí, tem sérias restrições contra Nilton Macedo. Só que amam o Avaí acima de tudo e de quem quer que seja o mandatário do clube.
Atualmente, qual o quadro de todo esse processo? Temos uma torcida revoltada, indignada, um presidente que brinca de sair e ficar a todo instante, um vice-presidente odiado pela maior organizada do clube, erros atrás de erros. Não comento nem sobre a produção em campo.

Enquanto isso, a Oposição se reúne em lugares chiques da cidade. Tullo Cavalazzi, Eduardo Gomes, Marcinko, apenas para citar alguns. De outro lado, a turma que reúne ex-presidentes a igualmente outros notáveis avaianos, todos vitoriosos na sua vida profissional. Um deles é o ex-presidente Flávio Félix. São correntes rivais, que não se bicam, mas são todos avaianos.
A dívida, com o passar dos tempos, só vai crescendo. Por conta de um inventário, a Família Zunino cobra R$ 15 milhões que ele teria colocado dentro do clube. Os opositores acham essa cobrança indevida moralmente, porém legalmente é aceitável. Só resta saber quando e como a Justiça cobrará essa fortuna de um clube que se desdobra para pagar as contas do mês e deixa o seu passado recente para trás. Endividado o Avaí está, não me resta dúvidas.

Iria sair bem antes

A saída, em forma de licença por tempo indeterminado, do presidente Nilton, estava acertada para logo após o término do evento de lançamento do Catarinense 2016 na sede da OAB. Ele assinaria o documento, mas voltou atrás. Recuou, por dois motivos: eu noticiei em absoluta primeira mão durante a reunião e ele foi cobrado pelo restante da imprensa. Só que na mesma hora, Nilton recebeu um telefonema da CBF de que a entidade adiantaria um valor e que a TV também faria o mesmo, por conta de contrato de televisionamento. O homem ficou.
Tem sido assim nos últimos dias: saio ou fico. Vou embora e não vou mais. Por isso, meus caros, que eu estou opinando somente agora sobre tudo isso que vem acontecendo no Avaí.

Eu penso que futebol é para profissionais e não para amadores. Um clube de futebol profissional da grandeza do Avaí não pode ser conduzido assim, por brincalhões.
Também entendo que o Conselho Deliberativo de um clube tem que preservar a história do clube. Qualquer clube. Não se pode deixar eleger qualquer um. O presidente da executiva sempre antecipa verba de contrato da TV, dilapida os destaques das categorias de base, fazem o que bem entendem, se aliando a empresários e recorrendo a empréstimos bancários com pagamento de parcelas longas, mesmo sabendo que não estarão mais na presidência.

Os conselheiros não podem achar que pagando mensalidade cara e tendo estacionamento exclusivo no estádio já estão fazendo a parte deles. Cuidem mais do todo, da história, do presente e do futuro dos seus clubes, elegendo presidentes com comprometimento.

Por fim, eu não acredito que Nilton Macedo Machado sairá, mas se deixar o Avaí, quem assumirá? Batistotti, totalmente desprovido de apoio? É um avaiano que já ajudou muito, mas Batistotti será tão solitário quando ficou e está Nilton Macedo Machado.

Que o futuro azurra seja mais limpo e profissional. O futebol mudou, não é mais aquele do passado. Só que ainda tem gente no futebol atual com a mentalidade das décadas de 70,80 e 90. Acordem!

Categoria: Avaí, Destaque, Outros clubes

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