De herói a vilão, até ser banido pela FIFA: Morre o brasileiro João Havelange
Nesta terça-feira (16), aos 100 anos, faleceu no Rio de Janeiro, onde estava internado desde julho devido a complicações causadas por uma pneumonia, João Havelange. Em Santa Catarina, ele foi homenageado pelo Figueirense há muitos anos com o título de sócio-benemérito.
A CBF decretou luto oficial de sete dias, com bandeiras hasteadas a meio mastro. Na próxima rodada dos campeonatos em andamento, será respeitado um minuto de silêncio antes de todas as partidas.
Uma vida dedicada ao esporte
Jean-Marie Faustin Goedefroid Havelange nasceu em 8 de maio de 1916. Carioca, filho de belga, apaixonou-se pelo esporte desde cedo. Como nadador, representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Berlim (1936). Como atleta do polo aquático, disputou os Jogos Pan-Americanos de 1952. Quatro anos mais tarde, foi o comandante da delegação brasileira na Olimpíada de Melbourne.
Esportista com talentos múltiplos, Havelange foi campeão dentro e fora das quatro linhas. Campeão juvenil em 1931 pelo Fluminense, o clube do coração, iniciou sua carreira como dirigente de futebol em 1956. Com a experiência adquirida em diversas áreas do esporte, ele foi eleito presidente da então Confederação Brasileira de Desportos (CBD), e promoveu uma jornada de modernização. João Havelange foi pioneiro na aplicação de conceitos organizacionais no futebol brasileiro. Reconhecida por seu progresso dentro dos gramados, a Seleção Brasileira precisava de suporte administrativo para conseguir melhores resultados, após situações adversas nas Copas do Mundo de 1950 e 54.
O dirigente iniciou, então, um trabalho de estruturação administrativa. Sob sua batuta, a Seleção alcançou o topo do mundo, com a conquista do tricampeonato mundial: 58/62/70. O esporte mais apaixonante do mundo foi transformado em um sobrenome do Brasil: País do Futebol. Nossa nação passou a ser temida e admirada por todas as seleções do planeta.
Após esse período de conquistas, em 1974, Havelange foi eleito para o maior cargo diretivo do futebol mundial: presidente da FIFA. Repetiu na entidade máxima o que já havia feito em seu país. Com um trabalho amplo de popularização do esporte, dialogou com presidentes das confederações em todos os continentes.
Na gestão Havelange, a Copa do Mundo saltou de evento importante para uma atração gigantesca e épica. A repercussão impulsionada pelas transmissões televisivas amplificou o alcance e a competição passou a despertar o interesse de todos os cantos do mundo, mexendo com a emoção de milhões de torcedores. A organização da Copa do Mundo pode ser dividida entre antes e depois de João Havelange.
Além de presidente da FIFA, ele foi membro do Comitê Olímpico Internacional (COI) durante 40 anos. Em 2009, teve papel fundamental na defesa do Rio de Janeiro como cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
Na mesma proporção da sua importância como dirigente, acabou sendo desmascarado por uma série de falcatruas até ser banido do esporte pela própria FIFA, envolvido em conchavos, recebimento de propinas e outras artimanhas comuns aos dirigentes que só fazem mal ao esporte com atitudes e práticas antidesportivas e imorais, além de ilícitas e condenáveis.
Foto: Rafael Ribeiro/Arquivo/CBF
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