Com fortes dores de cabeça, mas já em sua casa em Lages, torcedor do Grêmio agredido na Ressacada pede mais segurança nos estádios e culpa a PM pelo ocorrido.

| 8 de novembro de 2017

Hemerson1 HemersonHemerson Costa Fuck, 26 anos, Cônsul do Grêmio em Lages/SC, recebeu alta no último sábado e já está em Lages, só que impossibilitado de trabalhar, sentindo fortes dores de cabeça, ainda muito indignado, abalado e entristecido com as agressões sofridas pouco tempo depois do término da partida entre Avaí (2) x Grêmio (2), dia 29 de outubro, na Ressacada, pelo Brasileirão.

Segundo me relatou por telefone, no início da tarde desta quarta-feira (8/11), a chegada no estádio naquele domingo foi tranquila. Durante o jogo, nenhum problema. No final, é que a tocaia foi feita. “Eles não disseram nada. Chegaram me batendo”

O catarinense Hemerson estava acompanhado dos amigos Alisson, cônsul do Grêmio em Correia Pinto, Admilson, cônsul-adjunto do Grêmio em Lages.

“A minha frustração, a minha indignação, é muito grande. Há mais de 10 anos que sempre acompanho o Grêmio e nunca me envolvi em qualquer tipo de confusão. Levo o nome da minha cidade (na bandeira do Grêmio que foi roubada está o nome de Lages), porque gosto de futebol, da boa convivência, do jogo. Nada mais”, declarou Hemerson.

Ele é taxativo sobre a insegurança no entorno da Ressacada após aquela partida:

“Na parte externa da Ressacada, após o jogo, não havia segurança alguma, não estavam ali os policiais. E até aonde eu sei é uma exigência da CBF dar segurança aos torcedores adversários. Como a PM não estava nos dando segurança, alguns torcedores do Avaí se acharam no direito de fazer o que bem entendessem”.

O cônsul do Grêmio relata que perdeu parte da memória fruto das violentas pancadas que recebeu na cabeça, mas recorda que eram quatro torcedores de camiseta preta e que inicialmente foi atacado pelas costas. Disse que nenhum deles vestia qualquer traje do Avaí, mas nas redes sociais a bandeira dele foi fotografada junto a uma camisa regata da Mancha Azul. Se não foi ninguém da Mancha, podem ter recebido a bandeira de alguém.

“Eu não sei quem são, não conheço, e não faço a menor idéia. Eu também perdi um pouco de memória”, revela Hemerson. Os médicos confirmaram que ele sofreu traumatismo craniano.

Hemerson foi levado para a UPA no Sul da Ilha e no dia seguinte para o Hospital Celso Ramos, por onde passou por umas três tomografias. “Isso não foi agressão, foi tentativa de homicídio”, comentário de dois médicos para o torcedor violentamente agredido.

A partida entre Avaí x Grêmio começou às 19 horas, mas assim que terminou os torcedores visitantes ficaram retidos por mais 45 minutos. Hemerson não lembra, mas deve ter sido atacado entre 22h e 22h30min.

Sem poder trabalhar

Hemerson Costa Fuck está sem trabalhar desde o lamentável episódio. Me relatou que sente fortes dores de cabeça e os médicos o aconselharam a aguardar mais uns 15 dias até retornar para as atividades que antes eram rotineiras.

Ele é montador de móveis (autônomo) na Berlanda, já colocou um substituto no seu lugar, está deixando de receber uma boa comissão justamente na melhor época do ano para se fazer renda, e além de tudo pouco ajuda a mãe no comércio da família, a conhecida Cafeteria Grand Villa, no Centro de Lages.

“As dores de cabeça são imensas e meu trabalho necessita de atenção, concentração e paciência, e não tem como trabalhar assim”, comentou por telefone. Ele está tomando remédios para controle psicológico.

O que o Hemerson sente orgulho é da solidariedade do povo, dos torcedores de todos os times, até os que não são gremistas fanáticos como ele. Em Florianópolis, ele teve o apoio durante a internação do cônsul do Grêmio aqui na capital, Paulo Cezar Sponchiado.

E deixa uma mensagem positiva e para que todos reflitam: “Está muito errado o que fizeram comigo. O futebol é um hobby, uma paixão. Tem que ir para o estádio para ficarem roucos, mas jamais agridam ninguém.”

Por fim, Hemerson não foi ouvido por nenhuma autoridade policial. Não há, portanto, inquérito aberto. E se não há, nada vai acontecer com os agressores.

E a Polícia Militar precisa direcionar os policiais para setores de maior perigo como os visitantes. E o pós-jogo, o entorno, a saída da Ressacada, e de qualquer outro estádio, é que os marginais aproveitam para agir.

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