Avaí vai emendar mais uma transação internacional sem revelar as anteriores?

O que a torcida precisa saber: cadê o dinheiro da negociação do zagueiro Gabriel? Várias foram as promessas do presidente, ditas em rádio e na nota oficial do próprio Clube, que tudo seria resolvido de forma imediata e que o dinheiro já estaria sendo liberado.

Hoje finaliza mais uma CLT. Estão atrasados 50% de outubro, 100% de novembro, dezembro e janeiro, férias e 13º. E o Avaí precisa começar a pagar a reposição de 25% do acordo da cláusula extra de ressarcimento (meses de maio, junho e julho de 2020) do valor acima de quem recebe R$ 3 mil, por acordo no início da pandemia.

A imprensa internacional divulgou que Gabriel esteve para ir para o Everton, quando Napoli ofereceu o mesmo que o Everton, ou seja, 35 milhões de euros, porém optaram pelo Arsenal que pagou 26 milhões de euros, o que dá uma depreciação de 9 mi de euros das propostas anteriores. Por quê isso?

Entenda o caso

Nos bastidores, está sendo dada como encaminhada a negociação do atacante Romulo com o futebol árabe. O estranho é que o clube azurra ainda não revelou nada sobre o dinheiro da negociação em 01/09/2020 do zagueiro Gabriel do Lille com o Arsenal.

Por quê esse dinheiro ainda não caiu nos cofres do Avaí? Essa é a pergunta sem resposta.

O Avaí corre o risco a partir de – hoje com o vencimento de mais uma CLT e de não depositar FGTS – de se complicar na Justiça Do Trabalho. Segundo advogados consultados já cabe por parte dos atletas  “rescisões indiretas”, o que acarretaria em pagamentos das verbas rescisórias CLT e as altas multas compensatórias em CETD a favor dos mesmos.

O que não se entende é a demora para cair a parte do Avaí (e não é pequena) da venda do Gabriel para o Lille e do Lille para o Arsenal. Baseados no Transfermarkt, o Arsenal pagou ao Lille 26 milhões de euros. Destes, o  Avaí tem direito a 15% da saída do Lille ( quase 4 mi de euros) e 3% do Arsenal ( 780 mil euros ) pelo mecanismo de solidariedade.

Estamos falando em 4mi680mil euros ( +/- R$ 32 milhões)

Se o Avaí “vendeu” os 15% a terceiros (apenas permitido participação % a clubes e atletas, estes desde 2º Semestre/2020), burlou proibição expressa na Circular FIFA 1464/14, incorporada no RSTP – Regulations on the Status and Transfer of Players: “Terceiro: qualquer outra parte que não seja o jogador sendo transferido, os dois clubes transferindo o jogador de um para o outro, ou qualquer clube no qual o jogador tenha sido registrado anteriormente”

Caso o Avaí tenha burlado o TPO referente aos 15% (inexistente nos balanços 2017/2018/2019) pós venda dos direitos econômicos ao Lille em 31/01/2017, é caso gravíssimo passível de severa punição pela FIFA.

Hoje se sabe que nenhum atleta é apresentado sem estar com toda a documentação em dia como passaporte/TMS (em todo o mundo). No Brasil, rescisão ou contratação até mesmo de treinadores precisam constar no BID da CBF. E como pode tanta grana ainda estar retida no exterior, e por quê?

Procurei o advogado do Avaí, Sandro Barreto, que se limitou a dizer: “Não estão atrasados. O que tem é um parcelamento, que o Avaí está antecipando, valores antecipados pelo grupo de investidores europeus que trabalha com isso. Precisa das documentações e autorizações de quem vai pagar, e o Arsenal é quem vai transferir para o Avaí”

Se o Lille recebeu do Arsenal, por que o Avaí precisaria de investidores para receber seus 15%? O que sabemos é que o Avaí tem a receber e não está pedindo favor ou fazendo “empréstimo”.

Normalmente a FA – The Football Association é quem repassa os valores das negociações no país diretamente aos clubes com direito a receber pelos mecanismos de solidariedade, e o prazo para isto é em até 30 dias.

Vale lembrar que, em caso de atraso, o Avaí poderia acionar o Departamento Jurídico da FIFA e isso não está acontecendo. Nem o mecanismo de solidariedade foi pago, e já se passaram quase 150 dias da negociação do Gabriel (01/09/2020).

O que está travando a entrada do dinheiro nos cofres do Avaí?

Consultei alguns profissionais da área que trabalham com esse tipo de negociação, e me falaram que essa história está muito mal contada e suspeitam que os 15% pode ter sido “fatiado” logo após a venda ao Lille, e por isto os 15% nunca apareceram nos Balanços Patrimoniais desde 2017.

Resta saber se vendidos/fatiados os 15%, os foram a quem e por que, e assim sendo cadê o dinheiro da negociação do Gabriel?

O Conselho Fiscal precisa agir! O Avaí vai iniciar novas competições em 2021 e não está tranquilo e nem aparado com recursos para a montagem de um novo elenco. O que é fato é que a prometida austeridade foi uma farsa. Os jogadores não acreditam mais nas promessas do presidente Francisco Battistotti. E por essa má gestão, por essas transações obscuras, sem a devida prestação de contas aos torcedores e conselheiros, cabe sim uma investigação maior do Conselho Deliberativo e até um possível pedido de impeachment.

Fonte: Agência de Notícias Mix Mídia Foto: Rodrigo Polidoro/Mix Mídia

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