Opinião de um ex-presidente: Figueirense, de um sonho ao caos

| 23 de agosto de 2019

WhatsApp Image 2019-08-22 at 19.16.54Em 1996, o Figueirense Futebol Clube viveu um período muito triste de sua história. Nesta época havia mais de oito meses de salários atrasados, aproximadamente 220 ações cíveis e 180 ações trabalhistas. Diante desta situação, muitos conselheiros sugeriram a paralisação das atividades de futebol profissional do clube. Diante deste cenário, decidi assumir o comando do Conselho de Administração acompanhando de um pequeno grupo de grandes abnegados, especialmente, o presidente do Conselho Deliberativo da época Antônio Fernando Barreto Miranda. A partir de dezembro de 1996, iniciamos uma reestruturação total do Figueirense com o saneamento financeiro como meta a ser alcançada.

Durante o ano de 1997, o Figueirense pagou todos salários atrasados e montou um novo grupo, o qual foi pago rigorosamente em dia. Já no ano de 1998, com o processo de reestruturação financeira em curso, lançamos o primeiro modelo de gestão profissional do futebol catarinense com a criação do Conselho de Gestão. Grupo este formado por 20 empresários apaixonados pelo Figueirense. Em um segundo momento, este modelo, já vencedor, deu lugar a criação da vitoriosa gestora do clube: Figueirense Participações e Gestão Desportiva S.A., sob o comado de Paulo Sérgio Gallotti Prisco Paraíso. Durante o período em que o clube foi gerido pela Figueirense Participações teve suas maiores conquistas, dentro e fora de campo. O Figueirense tornou-se reconhecido como um dos clubes mais bem administrados do país.

Em 2010, após uma grande batalha de vaidades, o Conselho Deliberativo decidiu encerrar o contrato de gestão com a Figueirense Participações. O conselho também decidiu que o comando do clube deveria voltar a ser comandado por um presidente estatutário. A partir deste momento iniciou-se o caminho das trevas que nos encontramos hoje. Um fato marcante desta gestão foi a contratação de cinco executivos para comandar o clube, os quais, em apenas dois anos a época, consumiram mais de seis milhões de reais. Outro erro do presidente Nestor Lodetti foi a assinatura de um contrato com a empresa Alliance que durante dois anos causou ao clube um rombo de mais de nove milhões de reais. Esta dívida foi permutada com a transferência dos direitos econômicos de cerca de 90% dos atletas da divisão de base para Alliance.

Em seguida, assumiu o presidente Wilfredo Brillinger, prometendo aos torcedores que iria fazer uma administração eficiente, no tocante a administração financeira do Figueirense. Entretanto, em apenas cinco anos, este endividamento saltou de R$ 20 milhões para R$ 80 milhões. Além disso, o presidente Wilfredo iludiu grande parte dos conselheiros transferindo a gestão do futebol profissional para empresa Elephant, com grandes expectativas de conquistas financeiras e esportivas.

Contudo, esse sonho virou pesadelo. A dita empresa Elephant só fez a dívida do clube crescer com as piores práticas da administração esportiva. A Elephant não honrou com absolutamente nenhuma de suas promessa. Sendo o desrespeito a funcionários, atletas e fornecedores a marca de sua gestão. Porém, isto não foi o bastante. Uma briga de vaidades instalou-se no clube. De um lado Cláudio Honigman e de outro lado alguns jogadores em final de carreira capitaneados por Zé Antônio e seu advogado. Nesta briga só houve um perdedor: o Figueirense.

O jogador Zé Antônio, o qual assinou seu contrato com a empresa em 2017, renovou seu contrato novamente em 2018 e 2019. Como ele pode reclamar tanto e permanecer no clube a três anos? Sua conduta como líder negativo e impulsionada pelo ex-treinador Hemerson Maria, levaram o Figueirense a ter o dia mais triste de sua história, no W.O. da última terça-feira contra o Cuiabá Esporte Clube. Zé Antônio deve estar muito feliz com o que fez. No final do ano, ele deve entrar com uma ação judicial, junto com seu brilhante advogado paulista, e no futuro receberá tudo o que tem direito, mas vai deixar um marca profunda na história do Figueirense como o pior líder da história da instituição. Suas exigências extrapolaram completamente a relação contratual empresa-atleta. Seu destino depois de encerrar a carreira deve ser magnífico: líder sindical ou político.

Com certeza, Cláudio Honigman está no Figueirense apenas com um objetivo: revelar jogadores de base e vendê-los. Honigman não tem o mínimo respeito e consideração pela massa de apaixonados do Figueirense. Neste momento, a torcida clama pela sua saída do comando do clube. Que este momento sirva de exemplo para jamais entregarmos o Figueirense na mão de forasteiros.

O Figueirense é gigante! Sua torcida é apaixonada! Aqueles que possuem o clube, verdadeiramente, como parte de suas vidas devem se unir para reconstrução moral e financeira do Figueirense. Queira a Deus que em 2021, no ano de seu centenário não precisemos se lembrar dos personagens Zé Antônio e Cláudio Honigman.

José Carlos da Silva

Benemérito e ex-presidente do Figueirense Futebol Clube

Categoria: Brasileiro Série B 2019, Destaque, Figueirense

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