Editorial – Tiro no pé

| 22 de junho de 2020
Banner-EditorialHá meses que venho falando sobre a falta de um líder nato no atual futebol catarinense. Não faz muito tempo, relembrei nomes como de Moacir Fernandes, Waldomiro Shultzer e Sandro Pallaoro. E, apesar de alguns defeitos que possuía, Delfim Peixoto Filho era o cacique da tribo, o personagem ideal que surgia nos momentos mais difíceis.
 
Quero acreditar que, se vivo estivesse, Delfim seria o principal líder do futebol catarinense nesta pandemia. Não me resta nenhuma dúvida. Mesmo com a desunião dos atuais dirigentes, ainda assim Delfim daria o soco na mesa, o tal barulho que os atuais dirigentes precisam ouvir.
 
Ao elogiar Delfim, não significa que eu seja contra Rubinho Angelotti. São perfis diferentes. Rubinho pegou o barco andando, merecia ter sido eleito e o foi, mas ele é um e o Delfim era outro. Não pensavam e nem agiam de forma igual, porque são pessoas bem diferentes.
 
O fato do dia foi o documento enviado pelo Avaí FC para a Federação, colocando Rubinho na parede. Battistotti agiu como presidente do Avaí e não como presidente da Associação de Clubes. O mandatário azurra está (muito) longe de ser um líder.
 
Precisamos entender todo esse processo. Se o campeonato não for encerrado em campo, invoca-se o artigo 149 do Regulamento Geral de Competições da FCF. O que o Rubinho vai decidir não se sabe. Ele pode decidir pelo término da competição sem campeão e nem rebaixado.
 
O Avaí, por si só, faz duas exigências: jogar na Ressacada ou ser homologado o campeão. A primeira opção não depende da Federação e sim do prefeito Gean Loureiro. O Avaí não admite jogar em outro estádio. Não depende do Rubinho.
 
Por isso, entendo que o Avaí, independente de se achar no direito ou não, deu um tiro no pé, muito mais pela falta de tato do Battistotti em comandar a SC Clubes. Simplesmente, implodiu. Os outros 9 dirigentes estão indignados com o presidente do Avaí.
 
O que se esperava era uma liderança positiva, capaz de chamar a todos e encontrarem uma solução. A Copa do Norcdeste vai ser decidida em uma única cidade.
 
Por que não chegamos em um acordo para termos todos os jogos em uma ou duas sedes? Eu entendo que o momento escolhido pelo Avaí não foi o ideal. Há tempo para uma composição, mas o Avaí se antecipou a tudo isso.
 
Sei que nos bastidores, o projeto do Battistotti era assumir a cadeira de Rubinho Angelotti nas próximas eleições da FCF Era, porque duvido que os presidentes dos clubes (e maioria das ligas) votem nele depois dessa de hoje.
 
Quero deixar claro que Rubinho declarou para a Rádio Eldorado de Criciúma que homologaria o Brusque campeão logo no início da pandemia (o time era o líder, quando acabou superado pelo Avaí na última rodada) e que depois ao ser cobrado negou que seguiria esse caminho, e que o artigo 149 do RGC dá poderes ao presidente da FCF de decidir pela homologação ou não do Avaí, mas insisto que esse não era o momento para esse assunto estar em discussão.
 
A atitude de Battistotti dá razão para Jonas Guzatto, presidente do Concórdia, que não faz muito tempo declarou que os presidentes são desunidos.
 
Além disso, todo o trabalho construído pela própria SC Clubes junto ao Governo do Estado e com alguns prefeitos, não tão irredutíveis como Gean Loureiro, desmoronou como uma avalanche. Battistotti deu uma de Sérgio Naya, que construiu prédios com areia de praia.
 
Por fim, o Avaí decidiu: se não jogar na Ressacada, não entra em campo. O que fará a Federação? Vai marcar o jogo em outro local e o Avaí proporcionar o WO?
 
Um final de campeonato melancólico por pura falta de inteligência de quem comanda e de ausência total de percepção de atitude coletiva de quem está no processo.

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