Editorial: Os clubes deveriam cuidar melhor dos profissionais das categorias de base

| 8 de fevereiro de 2016

clássicoQuase a totalidade dos clubes do futebol brasileiro relega as categorias de base a segundo e terceiros planos. Isso é fato. Se o dinheiro está escasso, quem recebe primeiro são os jogadores profissionais. Depois, o restante do pessoal, do profissional, claro. Depois, o que sobrar, divide entre a turma da base.

De onde vem o “sustento” dos clubes? Das categorias de base. É na base que está o pote de ouro. Porém, os profissionais que cuidam, aturam, lapidam, esses jovens em início de carreira, muitas vezes com vida familiar difícil, são os profissionais da base. Será que estou falando alguma mentira?

Quantos profissionais agora estão me lendo e concordando, mas eu respeito o silêncio de cada um de vocês, porque senão queima o filme mesmo e os dirigentes de clubes não perdoam.

Desde a escolinha, passando por infantil, juvenil e juniores, porque sou do tempo que eram chamados assim, e não Sub-13,15,17 ou 20, esses jovens são treinados por pessoas altamente dedicadas. Esses profissionais não são amadores, são profissionais, mas trabalham com os ditos amadores ou semi-profissionais.

No Avaí, por exemplo, cuja crise financeira se tornou pública, o presidente do clube deixou de cuidar dessa mina que ele mesmo colhe os frutos. Raphinha, negociado com o exterior, é o exemplo mais recente. Vai render perto de 2 milhões de reais. Quanto vem para o Avaí eles não dizem e nem divulgam.

Só que o presidente Nilton Macedo Machado cuida primeiro do topo, do profissional, mesmo com essa grana, que salva a Pátria, vindo da base. Por que ele não paga o pessoal da base? Alivia, pelo menos, esse momento difícil, angustiante, que todos, eu disse todos, estão vivendo.

Até uns dias atrás, o débito era de novembro, dezembro, 13º, férias e janeiro. Alguns pegaram vales, outros seguram no osso, tendo ajuda de parentes. Ninguém precisa me dizer ou tentar dizer o que é isso, porque já passei algumas vezes nessa vida.

O Avaí deve “investir” e não gastar uns R$ 58 mil/mês de folha com as categorias de base. Treinador ganha entre R$ 2.500,00 e R$ 3.800,00 dependendo da categoria que treina, enquanto a ajuda de custo varia de R$ 80 a R$ 200,00 para os jogadores, fora os jogadores dos juniores que já possuem contrato e ganham mais, bem mais, porém também não estão recebendo.

Então, presidente, aproveitando que em campo o time vai bem, que o Raphinha foi vendido, tenha dó do pessoal da base, faça uma administração ampla e não apenas pontual, e mira seus olhos para baixo e não apenas para cima, fazendo uma alusão ao profissional do profissional e o profissional que está na base.

Foto: Ilustrativa

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