Editorial: O “gol contra” do clube que cobrar ingresso de criança até 12 anos de idade

Ninguém vai ficar pobre se deixar criança até 12 anos entrar de forma gratuita nos estádios do futebol catarinense. E nem vai ficar muito rico se cobrar. A Federação Catarinense de Futebol baixou uma RDI permitindo que os clubes não cobrem ingresso, mas isso é facultativo, ou seja, depende de cada clube. É que a FCF não pode impor, deveria, mas não pode, e permite que cada clube decida.

No mundo atual, muita coisa dificulta a ida em massa dos torcedores do futuro aos nossos estádios. A situação financeira do país e a falta de grandes ídolos, são alguns motivos. Quando criança, fui levado por meu pai aos estádios. Um deles foi o do Palmeiras em Blumenau, o Aderbal Ramos da Silva, quando fui ver Palmeiras x Figueirense. O outro, óbvio, o Adolfo Konder, incluindo aquele jogo entre Avaí x Santos, com o Pelé passando a mão na minha cabeça, encontro com o Rei que está no livro Um Jogo Inesquecível que lancei em 2013. No Scarpelli, fui várias vezes e até vendi picolé da Vitamel e lembro do jogo: Figueirense x Desportiva (ES).

Mas, meu pai não me levava em todos os jogos. Eu passei a ir sozinho até chegar à catraca. Ali, pedia para um desconhecido entrar com ele, passar por baixo da roleta, e entrar no estádio. Quem também me levava era o ‘Tio’ Felinto Bastos, a quem eu agradeço imensamente.

São imagens assim que as crianças precisam guardar na memória. Se cobrar ingresso, de uma família com duas ou três crianças, fica caro, muito caro para qualquer pai bancar isso, porque há os gastos normais de levar crianças em um estádio de futebol. E dá fome, dá sede, é picolé, refri, pipoca, cachorro quente, camisa do clube, copo, etc.

E tem a questão que a gurizada de hoje quer mesmo é ver os jogos do Real, do Barcelona, o Neymar, etc. Então, que tragam os jovens para si e não os enxotem dos nossos estádios, dificultando a vida dos pais e responsáveis. Comento isso, porque existem clubes em Santa Catarina que ainda não acordaram para o futuro e pensam somente no presente. Cito aqui, para encerrar, o ditado “quem planta, colhe”.

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