Editorial: Então, a culpa é só da cerveja?

| 30 de janeiro de 2018

cerveja2Fica evidente, mais uma vez, que se torna mais fácil repassar o problema a ter que enfrentá-lo como a sociedade espera e isso jamais muda. Tivemos pequenos incidentes no clássico disputado na Ressacada e o alto comando da Polícia Militar entende que os exageros cometidos por alguns torcedores foram impulsionados pela venda da cerveja no estádio.

Ledo engano, porque a rivalidade entre os clubes, o gol marcado ou sofrido, a gozação do rival, tudo isso é um combustível maior do que qualquer quantidade de álcool ingerida.

Ou a saborosa cervejinha, e é a única bebida que eu aprecio e faço uso, digamos, socialmente, é culpada por que alguns doidos movidos por raiva, ódio ou sei lá o que do rival, resolve ir para uma grade que divide as torcidas e deseja pular e cair na briga com os outros da torcida adversária?

Polícia para quem precisa de polícia. Simples. E não andou na linha, baixa o cacetete. Bateu em policial, porrada nele e detenção. Não tem que ficar culpando a gostosa da cerceja.

Já chega que proibiram os bambus para as torcidas desfraldarem os bandeirões. Já houve briga com a utilização dos bambus? Já. Só que quem brigar agora, e se o cara estiver fichado no clube e na Federação, banimento ou punição por um período. Cheda de impunidade!

O problema é que nosso país é pobre (a CBF não é), assim como quase a totalidade dos clubes, e não possuem condições de comprarem catracas biométricas. Se todo estádio tivesse esse tipo de fiscalização já na entrada dos estádios, os malas não iriam mais aos jogos. Até ficariam no entorno, mas não entrariam mais nos estádios.

O que falta nesse país e no futebol é punir quem apronta. Quantos mil torcedores estiveram domingo na Ressacada? 10.271 torcedores. Quantos desses beberam cerveja? Não se sabe. Não há essa estatística. Quantos queriam brigar? Vou chutar: uns 20, 30 ou 40. 50, vai. Por que mais de 10 mil pessoas tem que serem privadas (e nem todos bebem álcool) do prazer e do direito que possuem para esses malandros passarem impunes?

Lembro da Festa da Laranja (tinha mais era “vergamota” ou bergamota) e essa festa tradicional terminou, porque a PM achou melhor para evitar mortes e confrontos das gangues. E a linda festa na praça Dona Tilinha? Só coisa boa para comer, encontrar os amigos, os manezinhos. Acabaram também. O melhor, pelo visto, é deixar a cidade para os malas e para os moradores de rua. É só colocar a PM na rua e ser rigorosa com quem quer perturbar a festa alheia. PM e Polícia Civil precisam atuar de forma preventiva.

Por fim, parem de culpar a cerveja. Atuem dentro da lei. Que os agressores sejam severamente punidos, mesmo que muitos pensem que nunca irá dar em nada. Um dia, dá.

Polidoro Júnior

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