Editorial – A Chape virá ainda mais fortalecida

| 30 de novembro de 2016

tributoA tragédia que abalou o mundo do futebol, ainda nos trará muitos ensinamentos. Eu, que conheço a Chapecoense, e o povo de Chapecó, desde a década de 80, me faz crer que o renascimento será ainda com muito mais brilho, galhardia e conquistas.

Lembro quando ia para Chapecó de ônibus, pela Reunidas, atrás de Figueirense e Avaí. Ainda era estádio Índio Condá. Pouca torcida no estádio e só aumentava quando os times da capital catarinense estavam lá para enfrentar a Chapecoense.

Ainda não era Verdão do Oeste e nem Chape. Era, simplesmente, Chapecoense. Eu tinha uma raiva danada quando via carreatas de Grêmio e Inter pela cidade, até mesmo em dia de jogos no Índio Condá. Ficava ainda mais indignado quando via muito mais camisas da dupla GreNal dentro do estádio, mesmo com a bola já rolando.

E o dia em que o Figueirense de Marcos Toloco venceu em pleno Índio Condá, eu setorista do alvinegro, lembra Rogério Luiz?, e o louco do Toloco me faz o gol e vai na bandeirinha fazer a dança do índio. O goleiro Carlos Alberto levou uns sopapos assim que começou a invasão, eu corri para o vestiário e arrastei o Rogerinho, e para sair da cidade foi lá pela madrugada.

Quantos jogadores forçavam o terceiro cartão amarelo e até o vermelho para não irem à Chapecó. A viagem era longa, de ônibus, cansativa, e poucos queriam ir.

Tudo isso mudou. Por que não acreditar em mais uma mudança? Até a tragédia, Chapecó dava gosto de trabalhar e acompanhar. Já não era mais distante, todos queriam jogar lá, todos queriam trabalhar com a Chape em campo.

Eu mesmo brincava com amigos da imprensa, perguntando: Quem será o adversário da Chapecoense na final do Catarinense 2017?

A cidade que abraçou o time, que usa o verde e branco com orgulho, que aboliu as camisas da dupla GreNal dentro da Arena Condá (não é mais apenas estádio), irá novamente dar a demonstração da sua grandeza.

Toda essa reconstrução terá que ser feita pelos fortes, seja jogadores ou dirigentes. Não será tarefa fácil para os novos atletas, da base ou os que chegarão, porque a imagem desse grupo que partiu ainda vai permanecer por muito tempo.

O patamar atingido pela Chapecoense não poderá mais ser inferior ao que foi obtido, ou seja, é daqui para melhor.

Já me emocionei muito, e sei que irei sentir a dor por mais algum tempo, mas estaremos nos dirigindo para acompanhar o velório coletivo muito mais como catarinenses, como agradecidos pelo que a Chapecoense nos proporciona, pelo povo guerreiro, pelo futebol.

Eu estou convicto, e ajudarei dentro dos meus limites, que a Chapecoense surgirá rejuvenescida, carente de tudo, mas com a certeza de que um novo começo a deixará maior em um futuro de alegrias e de menos sofrimento.

Categoria: Chapecoense, Destaque

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